domingo, 14 de dezembro de 2008

Nascimento


Decepção?! tristeza?! ausencia?! saudade?! todos os sentimentos possíveis formaram a onda que me arrastou e me deixou numa ilha deserta. Queria gritar não conseguia, a voz falhava somente conseguia urros de desespero. Me afundei, cavei meu proprio burraco e passei a pá pra frente - minha cabeça não parava, a cada momento uma lembrança, uma desculpa diferente e outro erro igual a tantos outros. Onde estava com a cabeça!? me perguntava sem medo de responder, mas a respova se ausentava, ali naquela ilha a única coisa concreta era as minhas mancadas.

O dezespero e a inquetação me dominavam sem pena, andava de um lado pro outro ouvindo as minhas frases falsas, vendo o meu sorriso forçado. O choro me vinha a cada perdão clamado, mal sabia eu que o mais difícil seria me perdoar. sintia nojo do que havia me tornado, sintia nojo de ser utopico.

Depois de muito tempo em desespero as forças ausentavam-me, no meio do ir e vir inqueito pelo a ilha cai de joelho e mesmo assim continuei a me mover, lógico que com uma dificuldade bem maior. Não durei muito tempo, os joelhos marcavam com sangue a areia quente, pus-me a engatinhar e ouvia promesas feitas, grandes pessoas enganadas, nao aguentei, a sujeira era muita, era pesado e desabei. Arrastava-me por todos os lados tentando achar algum lugar onde as memórias não me atingissem. Foi em vão, todo lugar me via indisciplinado, arruaceiro.

Não tinha nenhuma noção de espaço, de tempo, de vida única coisa que me dominava era que estava numa ilha rastejando por causa das minhas lembranças. Talvez ainda estivesse rastejando a procura de alguma mão perdida, algum veleiro, navegador ou um descobridor dos sete mares, mas nava me apareceu. Lembrei que estavamos em familia antes da onda me pegar, tentei acha-los e nada.

Rastejei-me até a orla e comecei a entrar naquela água que limitava a ilha. A água não parecia água de mar era salgadinha como água de mar mas não era água de mar, tinha uma aparência de água pura, mas não era água pura porque era sagadinha, sinceramente tinha gosto de lágrima.

Rastejei-me até cobrir meus pés por completo e escutei bem de leve uros desesperados, respirei fundo, pensava que a loucura estava batendo a minha porta, mas os urus insistiam. Comecei a procurar de onde vinham, todos vinham do mar. Firmei os olhos, olhei fixo e me espantei, sai do mar imediatamente, fiquei na areia a observar e para a minha surpresa descobri que não estava só.

Eram inúmeras ilhas como a minha, pessoas desesperadas indo e vindo assim como eu, os choros eram tantos que lembravam uma cachoeira, todos aqueles que um dia estiveram em grupo, estavam separados. Não havia comunição alguma, uns gritavam em grego, outros em russo, alguns uravam em português, mas eram manifestações isoladas e pouco adiantaria falar a mesma língua nesse momento a distância não deixaria todos juntos novamente.

Soltei um brado de coragem e comecei a analizar tudo aquilo. A única coisa que poderia fazer era tentar construir alguma embarcação e colocar todos no mesmo lugar. Sabia que em algumas ilhas seria violentado e em outras seria muito bem recebido e também sabia que mesmo colocando todos juntos não garantia que haveria comunicação entre as pessoas, a vida numa ilha deserta as vezes não tem volta.

Com a construção da embarcação consegui reconstruir a minha força, fui voltando aos poucos, engatinhei, andei ajoelhado, andei cambaleando e hoje estou pronto para lançar o meu projeto ao mar já posso até correr e sei que isso será importante. Hoje consegui lançar meu coração ao mar de lágrimas.

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